segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Teste de Progênie 2010

No início do mês de Outubro a ABCGIL divulgou os nomes e dados dos touros do 25o Grupo do Teste de Progênie ABCGIL/Embrapa (Clique para ver os animais e pedigrees) , são 32 animais de grandes criadores da raça espalhados por todo país. Algumas coisas interessantes podemos ser observadas neste grupo, uma delas é a participação de duas dos maiores selecionadores de Gir tido como Dupla Aptidão ou Padrão (como muitos preferem nomear), as fazendas Café Velho do Bi Junqueira, com o touro Gaiato Bi (lindo animal) e a Fazenda Lapa Vermelha de Eduardo e Rodrigo Simões com o animal Rajni Lapa VM (filho da Clemente da L.VM. – principal res desta seleção e uma res lindíssima), achei esta atitude de ambos selecionadores muito benéfica para a raça e vejo com muito bons olhos, pode significar o início da união da raça como um todo e a abertura para novas genéticas para fazer o refrescamento do sangue que todos buscam, principalmente dentro do Gir Leiteiro moderno.

Outro aspecto que me chamou a atenção neste grupo de animais do Teste de Progênie é a qualidade dos touros que vem melhorando, vejo animais mais bem caracterizados, mostrando que é uma tendência do mercado e uma busca de todas as fazendas, animais produtivos, com ótimos pedigrees e boa caracterização, claro que em um grupo grande de animais têm aqueles que se sobressaem positiva e negativamente. Um dos animais que vejo como destaque deste grupo é o Hábil Fiv F. Mutum (CA Sansão na Dengosa TE F. Mutum), irmão completo da grande campeã do torneio leiteiro da última Megaleite, a vaca Fita Fiv F. Mutum, é um touro bem caracterizado, de ótima pelagem, pedigree muito consistente em leite e uma boa opção de mercado; outro animal interessante é o Caleb TE do EGB, filho do Vale Ouro de Brasília em uma vaca CA Paladino com a Ministra TE JFR (res premiada nas pistas de Uberaba), touro bem caracterizado e um dos poucos filhos diretos do Vale Ouro no teste; Figo Poema Fiv também é um animal que me chama a atenção por ser o primeiro filho da Rara do Alto das Estiva, para mim uma das grandes matrizes do Gir, no teste de progênie. Enfim, a meu ver temos um grupo do Teste de Progênie ABCGIL/Embrapa muito bom, com, na sua maioria, animais caracterizados e consistentes quanto ao pedigree e duas novas opções de linhagem, gostaria de parabenizar e desejar uma boa sorte, a pecuária nacional e o Gir agradecem a todos os criadores participantes do Teste.


Hábil Fiv F. Mutum (CA Sansão x Dengosa TE F. Mutum)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A Polemica Sobre Radar dos Poções

Nesta semana o Gir levou mais um duro golpe esta semana, através de uma carta muito bem escrita do criador José Patricio Silveira Melo de Pirapora/MG destinada ao presidente da ABCGIL, Silvio Queiroz Pinheiro, e que esta publicada no Portal do Gir (www.portaldogir.com) e Rosimar Silva, foi levantada a dúvida e mais tarde a confirmação de que o grande raçador Radar dos Poções teve o controle de todos os seus filhos suspenso pela ABCZ para investigação, isto porque consta no mercado mais de um tipo de sêmen. Radar tem hoje em dia a genética mais valorizada no mundo do Gir, suas doses de sêmen chegam a alcançar a marca de R$ 16 mil, fato que atrai não só criadores, mas também pessoas desonestas e oportunistas com a finalidade de lucrar às custas da pecuária nacional. Segundo Rosimar Silva, outros touros de destaque também possuem sêmen falso no mercado, é o caso do CA Everest, Dalton da Cal e Uaçai Jaguar, é um caso de policia já que muitos criadores espalhados por todo Brasil podem ter sido lesados.

Radar dos Poções é hoje em dia a coqueluche do mercado por ser um touro que imprime caracterização racial e muito leite aos seus filhos, por este motivo seus descendentes têm alcançado cifras altíssimas em leilões e seus filhos são destaque na venda de sêmen em todas as centrais; oriundo da fazenda Poções do Sr. Arthur Souto Filizzola, Radar foi líder do ranking da ABCZ/Unesp por diversos anos e prima por ser um reprodutor que imprime pelagem vermelha, boa caracterização e ótima produção, além de possuir pedigree aberto para diversas famílias dentro da raça.

O que precisa ser feito é uma investigação profunda com a finalidade de punir os culpados e identificar quais outros animais possuem genética falsa sendo comercializada no país, hoje convivemos com lactações falsas, pedigrees adulterados e desconfiança generalizada, a moralidade precisa voltar ao curral dos criadores e selecionadores, o Gir e a pecuária nacional merecem esta resposta.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Artigo: Freemartinismo em Bovinos

Neste pequeno artigo falaremos do Freemartinismo em bovinos, que apesar do nome pouco comum é um problema reprodutivo freqüente em todas as fazendas, trata-se de uma forma característica de intersexualidade resultante da gestação gemelar de fetos de sexos opostos, sendo assim a fêmea, em algumas regiões é chamada de vaca “maninha”, apresenta características de machos (pescoço e espáduas musculosos), pouco desenvolvimento do sistema mamário, clitóris avantajado, vagina em tamanho reduzido, ovários pouco desenvolvidos ou ausentes e hipoplasia dos cornos uterinos.

Para entender porque ocorre o freemartinismo precisamos antes comentar sobre o ambiente de uma gestação gemelar no útero de uma fêmea bovina. A circulação sanguínea no interior do sistema reprodutivo de uma vaca em gestação gemelar sofre anastomoses vasculares, de maneira simples é a união da circulação de um feto com a do outro feto, sendo assim há o intercâmbio de substâncias entre ambos os fetos, este é o cenário de uma gestação de dois embriões em um útero bovino.

Passado o conceito sobre a vascularização que ocorre em uma gestação gemelar em bovinos podemos discutir sobre o freemartinismo em si; este tipo de intersexualidade ocorre devido ao fato de que as gônadas masculinas se desenvolvem com mais rapidez do que as femininas, sendo assim começam a produzir di-hidrotestosterona que é responsável pelo desenvolvimento da genitália externa, através das anastomoses também são passados o MIF (fator inibidor dos ductos de Müller) e o TDF (fator de diferenciação testicular) responsáveis pela má formação do sistema reprodutivo da fêmea.

A fêmea Freemartim comumente é apartada como um dos melhores animais do rebanho graças ao seu maior porte e desenvolvimento, porém devido ao grau de má formação que o animal possui, este deve ser descartado já que é uma res incapaz de reproduzir; o macho apesar de não ter aparentemente nenhum defeito mais grave, na maioria das vezes apresenta testículos hipoplásicos e deve ser descartado. Sendo assim o freemartinismo é um problema de intersexualidade causada por um parto gemelar de animais de sexos opostos e que trás perdas econômicas e é freqüentemente observado em diversas fazendas, principalmente onde se faz o uso da IATF com a aplicação de eCG ou FSH para dar incrementar o resultado da técnica.

Bibliografia

GRUNERT, E; BIRGEL, E.H., VALE, W.G., BIRGEL JR, E.H. Patologia e Clínica da Reprodução dos Animais Mamíferos Domésticos. 2005