quinta-feira, 30 de junho de 2011

Final do Torneio Leiteiro - Megaleite

Agora a pouco terminou o torneio leiteiro da 13ª Exposição do Gir Leiteiro - Megaleite com mais um recorde quebrado na raça, desta vez na categoria Vaca Jovem, já que a Via FIV JMMA (CA Sansão x Solução TE Brasília) de propriedade do Sr. José Mario Abdo de Alexandria no estado de Goiás alcançou a incrível marca de 148,10 kg com média diária de 49,393kg, ficando muito próxima dos 49,676 kg diários alcançados pela Quimbanda Cal. Além de ganhar na sua categoria, Via FIV JMMA também se tornou a grande campeã do torneio leiteiro da Megaleite, deixando a campeã Vaca Adulta, Shiva TE Cal (Radar dos Poções x Loteria Cal), em segundo lugar com produção total de 146,00 kg e média de 48,933kg por dia.

Outro dado interessante é que o CA Sansão fez pelo segundo ano consecutivo a Grande Campeã do torneio leiteiro durante a Megaleite, ano passado a Fita FIV F. Mutum (CA Sansão x Dengosa F. Mutum) abocanhou o primeiro lugar.



Foto: EMBRIOTEC

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Na Hora de Escolher os Touros

Nesta época de inverno é preciso preparar os animais para o inicio da estação de monta (EM) que se aproxima, agora é a hora de selecionar os reprodutores, descartar os que não serão usados e adquirir novos touros para que tenham tempo de adaptação adequado na nova propriedade. A escolha de um reprodutor é um ponto importante na pecuária, devemos lembrar que um touro deixa diversos filhos em uma propriedade durante o ano, sendo assim alguns pontos devem ser levados em conta na escolha do animal a ser usado.

1º - Genética Diferenciada: é importante que o reprodutor agregue ao rebanho, isto é, que ele traga benefícios à seleção, seja ela voltada para leite ou carne.

2º - Refrescamento de Sangue: usar um animal que tenha genealogia nova na propriedade, que cause um choque para buscar o máximo no refrescamento do sangue do rebanho.

3º - Escolher Animais Sadios: o animal deve acompanhar as matrizes e conseguir cobrir ao menos 25 matrizes em seu lote, para isto é importante que o animal esteja sempre sadio e saudável.

4º - Fazer Exame Andrológico Periodicamente: o touro precisa passar por um exame andrológico completo onde são avaliadas a qualidade e a quantidade de defeitos espermáticos antes da compra e de entrada do animal em estação de monta, o exame serve para avaliar a capacidade deste reprodutor em deixar descendentes, por isso além da qualidade espermática também devem ser avaliadas as características externas e internas, como aprumos, glândulas acessórias, testículos, circunferência escrotal (CE), etc.



5º - Fazer Uso Racional do Animal: é importante propiciar a melhor condição possível para o reprodutor desempenhar o seu papel no rebanho, sendo assim deve-se atentar para condições de manejo como alimento oferecido, mineralização completa e de boa qualidade, condições de terreno (touro não cobre vacas em local onde ele não se sente seguro para montar), água de boa qualidade. O reprodutor deve estar sempre saudável e em bom estado para seguir as matrizes, não pode estar nem muito gordo, pois é perigoso machucar as reses, nem muito magro sem condições de andar atrás das matrizes em cio.

A escolha e uso racional de reprodutores estão intimamente ligados com o sucesso e crescimento da propriedade, basta dizer que o ganho genético com o uso de touros melhoradores pode ser sentido rapidamente com a desmana de animais mais pesados ou filhas mais leiteiras. Juntamente com as novas técnicas de reprodução como IATF, TE e FIV é possível usar touros melhoradores de forma otimizada e buscando grandes ganhos para o rebanho, por isto escolher bem e avaliar com a ajuda de exames realizados por veterinários sérios é a melhor forma de aproveitar ao máximo o uso da monta natural.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Touros Antigos: SC Uaçai Jaguar e Espantoso

Continuando a destacar os touros do passado que contribuíram para a raça Gir alcançar os patamares de hoje, comentarei sobre o touro S. C. Uaçai Jaguar, certamente um dos melhores representantes da família do Jaguar 3R de Uberaba, seu pai Jaguar 3R foi um dos principais animais da seleção do senhor Randolpho e sua mãe SC Maloca Caxangá é filha do CA Cachimbo, sendo assim SC Uaçai Jaguar traz consigo o sangue do Naidu Importado, um dos mais leiteiros animais vindos na importação de 62, muito leite sem deixar a caracterização de lado.



Sobre o animal, em minha opinião e analisando as fotos que temos nos dias de hoje, SC Uaçai Jaguar era um touro de porte mediano, bom comprimento, boa profundidade, escorria um pouco de garupa, linha de dorso muito boa, umbigo de tamanho razoável, cupim de bom tamanho, mas parece tombado, saída de chifres muito boa, com chifres redondos, de grossura mediana, orelhas de bom tamanho e gavionadas, enfim, um touro com bom racial e um pedigree muito leiteiro. Touro que esta na posição número 90 no sumário da ABCZ/Unesp com 322.12 de PTA e em 88º no da Embrapa/ABCGil com 153.8, seus filhos são destaques absolutos nos dias de hoje como exemplo temos o Jaguar TE do Gavião (SC Uaçai Jaguar x Umidade da Cal) e Dengosa TE F. Mutum (SC Uaçai Jaguar x Garça HP), dois animais que provam a qualidade da família deste grande patriarca, mostrando muita caracterização e produção, sem dúvida nenhuma, SC Uaçai Jaguar é um dos grandes touros da raça.

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Próximo touro a ser comentado é o Espantoso, touro que traz sangue dos grandes animais da importação de 62 de Celso Garcia Cid, já que é filho K.S.Pushpa Virbay DC, touro que traz em sua genealogia animais como Krishina Imp. e a espetacular Sakina Imp., por ai já dá para ver a história que este touro carrega em seu pedigree, mas não para por ai, já que foi um dos primeiros animais adquiridos pelo Dr. Souto da Agropastoril dos Poções e certamente um dos touros que mais alegrias trouxe a este importante selecionador da raça. Conta a história que o após comprar algumas terras o Dr. Souto foi se consultar com o amigo Dr. Gabriel Donato de Andrade, este o aconselhou a criar Gir e vendeu ao amigo além do Espantoso outras vinte e seis novilhas, assim começou uma das mais ricas seleções da raça e que muito contribuiu para o Gir que hoje é reverenciado muito afora.



Sobre o animal em si, em minha opinião, Espantoso era um touro de boa profundidade, um pouco curto, umbigo um pouco pesado, ótima circunferência escrotal, boa garupa, ótima linda de dorso, aprumos um pouco curvos, mas não dá para saber se é da foto ou do animal, cupim de bom tamanho e bem posicionado, saída de chifres boa, com chifres chatos e um pouco grossos, orelhas bem gavionadas e de bom tamanho, enfim um ótimo reprodutor com muita história dentro da raça. Dos seus filhos dois merecem destaque absoluto, são eles o Major dos Poções, touro que conta com Espantoso na linha alta e baixa, e o grande Teatro da Silvânia, símbolo da seleção do Eduardo Falcão e que une a genética do Espantoso com a grande Efalc Nata Lageado, além de outros animais como o Andaka dos Poções que é filho da Paquera dos Poções (mãe do Major TE dos Poções) que é neto deste grande reprodutor. Espantoso esta com 151.81 no sumário da ABCZ/Unesp e certamente é um touro que contribuiu muito para a raça e hoje sua genética esta espalhada na grande maioria das fazendas do país.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Uso da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF)

A inseminação artificial é uma das tecnologias da reprodução mais simples de ser implantada em uma propriedade, teve seu início na década de 50 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil por volta dos anos 60 com controle do Ministério da Agricultura, e em 1970 esta tecnologia foi passada à iniciativa privada, surgindo assim as centrais de venda de sêmen. Neste cenário, a inseminação esbarrou na falta de informação dos criadores e da má formação da mão-de-obra o que limitou o seu crescimento, hoje no Brasil estimasse que não são inseminadas nem 5% das fêmeas aptas à reprodução, se compararmos a países europeus e aos EUA e Canadá que inseminam mais de 75% de suas fêmeas podemos ver que temos um longo caminho a ser percorrido.

Um dos gargalos que atrapalham o emprego da inseminação artificial é a observação de cio, esta seguramente é uma das causas pelo seu baixo uso na pecuária nacional, quem já observou cio de um rebanho grande sabe das dificuldades deste manejo, preconiza-se observar cio durante uma hora na parte da manhã e mais uma ao final do dia, porém se estiver frio, chovendo ou em terreno acidentado a res pode não demonstrar cio, o zebú tem um cio mais curto (cerca de 12 hrs) que as raças européias podendo muitas vezes iniciar e terminar o cio durante o período em que não há ninguém próximo, sendo assim passa ao menos mais 20 dias sem produzir, erros na observação de cio também são freqüentes, enfim a inseminação artificial convencional esbarra em alguns problemas para sua maior difusão.

A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) elimina alguns dos gargalos a IA comum, pois elimina a observação de cio já que através do uso de hormônios normais ao ciclo estral das matrizes conseguimos programar a hora correta da ovulação e inseminar um grande número de fêmeas ao mesmo tempo com a vantagem de também sincronizarmos a data de parição, principalmente para a época onde a venda do leite seja mais favorável, porém alguns aspectos devem ser observados para o uso desta técnica:

1º - usar animais com bom estado corporal: a res para emprenhar precisa ter uma certa camada de gordura, animais muito magros não emprenham por não ter gordura e muito gordos são mais difíceis, pois a gordura fica em torno do ovário dificultando a captação dos óvulos.

2º - uso de mão-de-obra especializada: a IATF necessita funcionários que sigam as aplicações nos horários determinados, sejam organizados e familiarizados com a inseminação de bovinos.

3º - boa estrutura para manejo: bons troncos, bretes e currais.

4º - não usar em animais com menos de 40 dias após a parição.

5º - cuidado com novilhas zebú: implantes intravaginais novos não são indicados para usar em novilhas, pois eles bloqueiam demais o ciclo estral do animal e não sincroniza corretamente, o mais indicado é utilizar o intra-auricular (Crestar®) usado.

6º - muita higiene: principalmente se utilizar o intravaginal, se introduzir sujeira na vaginal do animal pode dar uma infecção séria.

Estes são alguns detalhes que podem levar ao sucesso da IATF, emprenhar cerca de 50% dos animais na primeira inseminação, outro aspecto importante é a qualidade do sêmen, muitos programas dão errado por causa do sêmen, principalmente por problema de armazenamento; sêmen sexado ainda precisa de um protocolo acertado já que os espermatozóides já passaram por alguns processos e podem estar mais maturados, certamente no futuro teremos um programa certo para ser utilizado com este tipo de sêmen.

O importante de cada técnica é emprenhar o máximo de animais possíveis com o maior ganho genético e com um custo que caiba no orçamento do criador esta é a meta de qualquer tecnologia na área de reprodução.


Matrizes Nelore a espera para serem inseminadas todas no mesmo dia.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Touros Antigos: Vale Ouro de Brasília e Fantoche de Brasília

Quando foi postado aqui no blog a avaliação dos touros do teste de progênie, recebi a ótima ideia de comentar os touros já provados para avaliarmos a evolução dos animais e aos grandes reprodutores que fizeram do Gir a importante raça dos dias de hoje. Avaliar reprodutores já provados torna-se mais difícil pelo simples fato de já haverem animais consagrados e muitos deles já constituírem famílias de sucesso, a principio quero colocar a avaliação de dois touros a cada 15 dias e expressar a minha opinião, contando também com a ajuda dos visitantes, experiências e conhecimento sobre os animais em questão. Nesta primeira post falaremos do Vale Ouro de Brasília e Fantoche de Brasília.

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Vale Ouro de Brasília foi sem duvida nenhuma um dos grandes pilares da seleção do sr. Rubens Perez, filho do Caxangá com a Halenia de Brasília, mãe também do Universo de Brasília. Vale Ouro produziu animais de ótimo desempenho leiteiro como o Cajú de Brasília, pai da grande Profana (tem Vale Ouro na linha alta e baixa) e do Modelo, o Rocar Lageado Vale Ouro, pai da matriz símbolo da seleção Silvânia, Efalc Nata Lageado, e o Jarro de Ouro da Calciolândia com a Senxém Raposo da Cal, isto só para citar alguns animais, mostrando assim todo o potencial deste grande raçador, já que teve filhos importantes nas grandes seleções da raça. Vale Ouro de Brasília era um touro de estatura de mediana para baixa, este é um fator importante na hora de usar alguns de seus descendentes, na sua grande maioria é uma família com animais menores, Vale Ouro tinha um temperamento um pouco mais arredio, mas através da seleção e de ótimos acasalamentos esta característica não se faz tão presente, suas filhas e família primam por um ótimo sistema mamário, a família do Cajú é a prova viva disto. Se avaliarmos o animal pelas fotos que temos hoje em dia, em minha opinião, o Vale Ouro de Brasília era um animal de boa profundidade, bom comprimento, garupa muito boa, linha de dorso levemente selada, bom cupim, saída de chifres na linha dos olhos, chifres chatos e finos, porém virados para cima, umbigo bom, bons aprumos, orelhas poderiam ser um pouco maiores e mais gavionadas, o pescoço é de tamanho regular e um detalhe importante e que muitas vezes é deixada de lado principalmente pelos sumários e catálogos, parece que tinha ótima circunferência escrotal, medida ligada à reprodução de seus filhos. Eu particularmente gosto bastante dos descendentes do Vale Ouro de Brasília, acho que se bem acasalados para acertar alguns problemas de caracterização podem produzir animais leiteiros, de porte médio, boa profundidade e ótimo sistema mamário.


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Fantoche de Brasília foi um importante touro da seleção Brasília e que deixou poucos descendentes no Brasil já que foi vendido para a Colômbia em idade reprodutiva e por lá teve sucesso. Fantoche era filho da Salada de Brasília com o Udo de Brasília, sendo assim é irmão paterno do Impressor e Fabuloso, pedigree muito leiteiro, funcional, porém de temperamento mais bravio, o Udo de Brasília era um touro mais arisco e passou isto aos seus descendentes. Fantoche de Brasília deixou poucos filhos por aqui, entre eles o Cowboy de Brasília e Assirio de Brasília, ambos com a Profana, o Bonzo de Brasília e o Devon Kubera, apresenta PTA muito boa de mais de 295 no sumário da Embrapa/ABCGil e de mais de 485 no da Unesp/ABCZ, mostrando todo o potencial leiteiro desta família. Sobre o touro em si, em minha opinião, Fantoche de Brasília era um touro de boa profundidade, poderia ser mais comprido, pernas um pouco retas, boa linha de dorso, escorre um pouco de garupa, cupim de bom tamanho e bem inserido, boa circunferência escrotal, umbigo levemente comprido, pescoço poderia ser um pouco mais comprido, saída de chifres alta com chifres redondos e grossos, orelhas de bom tamanho, mas pouco gavionadas e cabeça masculina e com uma leve goteira. Fantoche de Brasília deixou pouca genética no Brasil, mas certamente uma família que agrega muito leite e sistema mamário ao rebanho, sabendo acasalar para evitar animais mais bravios e com melhor caracterização certamente é uma ótima opção para o Gir moderno.