sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Reprodução na Seleção do Gir

Após a Megaleite deste ano muito se falou sobre os rumos que a seleção da raça Gir deve seguir e pela criação de animais na forma mais natural possível sem o uso de fármacos que possam aumentar as lactações, a exposição em Uberaba foi o ápice de uma discussão que a muito ronda as rodas de conversas dos criadores, tanto que já começaram a surgir provas de leite a pastos e a ideia de se realizar um torneio leiteiro natural, vejo com bons olhos esta mudança de atitude e com o grande aumento dos valores dos insumos no último mês (soja, milho, combustíveis, etc) abre-se uma grande possibilidade de a raça Gir se consolidar ainda mais no mercado por se tratar de uma raça que produz alimento a baixo custo.

O criador percebeu que o Gir não é uma raça para ser selecionada estabulada, neste sentido não podemos cometer os erros que as raças europeias cometeram em anos de seleção, temos que nos focar nas virtudes e corrigir os defeitos, um dos grandes gargalos da raça Holandesa é a reprodução já que toda a busca da raça foi focada em produção e a meu ver a raça Gir esta cometendo o mesmo equivoco, informações sobre dados reprodutivos dos touros presentes nos testes de progênie são de difícil obtenção, ficando apenas na troca de informações entre criadores e sem um estudo específico por parte das entidades envolvidas, acho que dados como idade ao primeiro parto, intervalo entre partos das filhas dos reprodutores e mesmo uma medida simples como circunferência escrotal nos catálogos de sêmen poderiam ajudar na escolha do animal a ser usado em um rebanho, são dados de simples de serem coletados e de fácil divulgação, hoje não sabemos por dados técnicos se o touro A produz filhas mais férteis ou se o B têm filhas mais precoces. Não entendo porque nos sumários das raças de corte consta a grande maioria dos dados reprodutivos das progênies dos touros e nos catálogos de leite não há informação nenhuma, sendo que são informações importantíssimas para ambos os seguimentos, colocaria até um pouco mais de importância para a atividade leiteira, já que para uma vaca produzir leite é preciso fazer com que ela procrie antes, fato que não é necessário para ela produzir carne. Parece que nos baseamos nos moldes de seleção das raças européias e esquecemos de fazer os ajustes necessários, espero que no futuro não tenhamos que gastar mais de 10 doses de sêmen para emprenhar uma res como ocorre constantemente com matrizes da raça Holandesa e que os ganhos de produção não se sobreponham a outras importantes funções dentro de um rebanho, se estamos debatendo os rumos da raça porque não incluir também a reprodução nesta conversa?? É preciso lembrar que uma res que produz 3.500 kg/ano com intervalo entre partos (IEP) de 12 meses é mais rentável do que uma matriz que dá 7.000 kg/ano com IEP de 24 meses.



Vaca Gir com bezerro ao pé