A Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) é uma doença do trato respiratório nos bovinos, provocada por uma espécie de herpesvírus, a mortalidade da doença geralmente é baixa, porém as maiores perdas se dá com casos de broncopneumonias secundárias que acabam levando os animais a óbito, girando em torno de 2%. Os métodos de transmissão são o exsudato nasal, gotículas expelidas quando o animal tosse, secreções genitais e sêmen (reprodução, falaremos a seguir) e tecidos fetais (restos de placenta e aborto), portanto é uma doença que prolifera em animais estabulados onde o contato é maior e onde um número maior de animais ocupa uma menor área. A idade dos animais susceptíveis é normalmente acima dos 6 meses de idade, quando há uma baixa na imunidade colostral, até animais adultos, porém se a ingestão for pequena ou se os níveis de anticorpos no colostro for baixa, animais recém nascidos são altamente susceptíveis à doença.
Nos recém-nascidos a doença é sistêmica e altamente fatal, normalmente bezerros com idade inferior a 10 dias são os mais acometidos, este quadro abre espaço para o desenvolvimento de broncopneumonia secundária, surtos podem ocorrer em rebanhos altamente susceptíveis onde as matrizes não são vacinadas e não há imunidade colostral de forma adequada.
A IBR é uma doença extremamente importante devido à sua importância econômica, não somente pela morte de animais, já que sua mortalidade é baixa ainda mais se os neonatos receberem doses satisfatórias de colostro, mas sim na parte reprodutiva do rebanho onde a IBR causa abortos, atraso em cios, infertilidade e descarte de animais. O vírus da IBR causa a necrose do corpo lúteo (estrutura que se forma no ovário após a ovulação e responsável pela produção de progesterona, hormônio extremamente importante para a reprodução) e morte embrionária, causando assim atraso na prenhez e muitas vezes descarte de animais. O aborto pode ocorrer em algumas semanas após a vacinação com vírus modificado (vacinas mais antigas) em animais prenhes e não imunes ou aparecimento da doença clínica. O aborto ocorre nestes casos normalmente entre o 6 e 8 mês com altos índices de retenção de placenta e possivelmente infertilidade residual. Fetos abortados apresentam macroscopicamente autólise de moderada a grave e necrose no fígado. Também pode ocorrer endometrite após a inseminação com sêmen infectado, já que o vírus pode sobreviver a mais de um ano em temperatura de -196 graus (temperatura do nitrogênio líquido), mostrando a importância de adquirir material genético de centros responsáveis e corretos. A detecção do vírus deve ser realizado através dos sintomas e laboratorialmente pode ser realizado através do teste de ELISA e PCR, são testes seguros e de rápida execução.
Tratamento da doença é através de antibióticos de amplo espectro já que o que se busca é controlar as doenças secundárias como a broncopneumonia, porém os indivíduos doentes devem ser isolados para que não transmitam a outros animais. No caso da traqueíte a resposta aos antibióticos nem sempre é satisfatória e muitas vezes o sacrifício dos animais é o mais indicado.
O controle da IBR deve ser realizado através da vacinação, a primeira vacina deve ser realizada antes do desmame e por volta dos 6 meses de vida quando a imunidade colostral diminui, e ser aplicada uma dose de reforço no máximo 14 dias após a aplicação da primeira dose, depois vacinar as fêmeas e touros anualmente antes da entrada na estação de monta.
A IBR é uma doença que causa muitos prejuízos econômicos e age de forma silenciosa, já que os criadores não dão a devida atenção à vacinação e mesmo ao diagnóstico desta importante enfermidade que leva à diminuição dos índices reprodutivos e o aumento do descarte de animais devido à infertilidade e abortos, portanto uma vacinação bem planejada e um cuidado com o manejo dos recém-nascidos são formas importantes de controlar esta importante doença dos bovinos.
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Aos seguidores do Blog peço desculpas pela demora na atualização do mesmo, estive fora durante uns dias, mas voltarei a postar no mínimo semanalmente.
Um abraço
José Eduardo Mello
Gir das Paineiras