segunda-feira, 14 de junho de 2010

Artigo: TE x FIV

Este artigo visa comparar as duas das mais modernas técnicas em reprodução animal empregadas nos rebanhos brasileiros, a Transferência de Embrião (TE) e a Fecundação in Vitro (FIV);


Ambas as tecnologias têm como objetivo permitir as matrizes a produzirem mais de um bezerro por ano. Abaixo descreverei cada técnica e listar os prós e os contras e posteriormente fazer um comparativo entre a TE e a FIV.

Transferência de Embrião (TE)

Das duas é a técnica mais antiga porém não menos eficiente, consiste em promover uma super-ovulação através de doses hormonais em horários pré-determinados, fazemos com que a res tenha múltiplas ovulações ao invés de apenas uma como normalmente, depois realizamos duas inseminações com intervalo de 12 horas para garantir que grande parte dos óvulos será fecundada; 7 dias após a inseminação fazemos uma lavagem intra-uterina, que nada mais é do que fazer passar pelo útero um líquido capaz de remover os embriões, então este líquido é filtrado por um pequeno filtro que retém os pequenos embriões em sua manta, este filtro é levado a um laboratório onde é lavado e seu conteúdo derramado em placas especiais que serão analisadas através de um estereomicroscópio (lupa) para a procura dos embriões; ao achar um embrião este é separado e pode ou ser congelado ou mesmo inovulado a fresco em uma receptora pré-avaliada. Abaixo relatarei os prós e contras da TE:

• Vantagens
- mais barata = apesar de altos gastos com hormônios e material de coleta, a TE saí mais em conta do que a FIV
- 50% de fêmeas = a TE produz número igual de machos e fêmeas
- permite a congelamento = é possível congelar o excedente de embriões com pouca perda de prenhes
- menos tecnologia = na TE o uso de equipamentos não se faz tão necessário quanto na FIV
- melhor uso de receptoras = produz mais prenhezes do que a FIV

• Desvantagens
- uso de duas doses de sêmen = precisa de duas inseminações
- não permite usar animais prenhes
- intervalo entre coletas de no mínimo 30 – 40 dias
- pode produzir cistos = a dose de hormônios pode levara fêmea a produzir cistos ovarianos


Fecundação in Vivo

Tecnologia moderna que consiste em aspirar os oócitos (óvulo + zona pelúcida) das fêmeas através de uma bomba de vácuo que cria uma pressão negativa em um tubo ligado a uma agulha, esta agulha é guiada através de uma guia especial ligada a um aparelho de ultra-som, os oócitos aspirados são depositados em um tubo e posteriormente avaliados em um laboratório ao lado do curral. Os oócitos depois de separados são levados a um laboratório de FIV onde serão maturados e fecundados com o sêmen previamente escolhido, muitas vezes uma dose de sêmen é capaz de atender duas ou mais vacas, o embrião é então formado, maturado e transferido em receptoras pré-avaliadas. Abaixo relatarei os prós e contras da FIV:

• Vantagens
- permite o uso de fêmeas prenhes = é possível aspirar reses com até 3 meses de prenhes
- não necessita o uso de hormônios
- maior freqüência do uso das matrizes = é possível realizar uma aspiração a cada 15 dias com a mesma matriz
- permite o uso de sêmen mais caros = por otimizar o uso das doses de sêmen permite ao criador usar doses raras e mais caras
- maior produção de embriões

• Desvantagens
- embriões congelados apresentam índices muito baixos = alguns laboratórios parece terem encontrados a solução para este problema, mas ainda estão em estágio de teste, em vias de regra, embriões congelados de FIV perdem muito em prenhes
- pode causar aderência do ovário = por ser um método mais invasivo onde o ovário é perfurado por agulhas diversas vezes, produz um sangramento e pode causar a aderência do ovário na parede do útero o que diminui a vida reprodutiva da matriz
- técnica mais cara = usa muita tecnologia com diversos equipamentos
- produz mais macho do que fêmeas = pode chegar até a 70% de machos, normalmente varia em torno de 60% de machos e 40% de fêmeas, o uso do sêmen sexado supri esta deficiência
- prenhes mais baixa = a média gira em torno de 35 – 40% de prenhes
- maior chance de nascer animais defeituosos = na FIV esta chance é maior devido ao processo de seleção de espermatozóides que através de uma centrifuga escolhe as células de uma determinada faixa onde se concentra mais espermatozóides de machos e com defeitos pequenos (células mais leves)

O Gir como todas as outras raças de bovinos seguem um padrão quanto a produção de embriões seja na TE ou na FIV: poucos animais produzem muito pouco, muitos produzem médio e poucos produzem muito; é preciso achar estes animais nos rebanhos e reproduzi-los.

O Gir por ser zebuíno responde muito bem à FIV por ter um maior recrutamento de oócitos por ovulação, não é raro encontrar matrizes produzindo mais de 50 oócitos, destes 1/3 se transforma em embrião, porém a seleção e a busca por famílias mais férteis e mais produtivas tem nos levado a encontrar reses capazes de produzir também muito bem através da coleta de embrião via super-ovulação, hoje em dia encontramos matrizes capazes de produzir mais de 15 embriões viáveis e de ótima qualidade, por isso é indicado usarmos apenas animais oriundos de famílias sabidamente produtivas, tanto na área de leite quanto na área reprodutiva, ou mesmo os animais Padrão que venham a acrescentar nas características raciais do rebanho; o Gir por característica produz embriões de ótima qualidade e que apresentam índices de prenhes acima da média, assim como também os machos mostraram-se superiores na produção de sêmen, é uma ótima notícia para a raça que tem como objetivo conquistar o seu espaço na pecuária nacional.

Neste artigo a idéia é de esclarecer o que são estas duas importantes ferramentas das quais o pecuarista de animais de elite conta a seu favor, são técnicas caras que devem ser usadas com critério. Ambas possuem vantagens e desvantagens, por isso creio que possam ser usadas em conjunto, de forma alternada ou dependendo da disponibilidade de sêmen, receptoras, localização e opinião de um profissional, o importante é que por se tratarem de técnicas que otimizam o uso das matrizes é necessário que sejam utilizados apenas animais melhoradores, animais dos quais já sabemos a produção e o que esperar deles.

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