segunda-feira, 6 de junho de 2011

Touros Antigos: Vale Ouro de Brasília e Fantoche de Brasília

Quando foi postado aqui no blog a avaliação dos touros do teste de progênie, recebi a ótima ideia de comentar os touros já provados para avaliarmos a evolução dos animais e aos grandes reprodutores que fizeram do Gir a importante raça dos dias de hoje. Avaliar reprodutores já provados torna-se mais difícil pelo simples fato de já haverem animais consagrados e muitos deles já constituírem famílias de sucesso, a principio quero colocar a avaliação de dois touros a cada 15 dias e expressar a minha opinião, contando também com a ajuda dos visitantes, experiências e conhecimento sobre os animais em questão. Nesta primeira post falaremos do Vale Ouro de Brasília e Fantoche de Brasília.

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Vale Ouro de Brasília foi sem duvida nenhuma um dos grandes pilares da seleção do sr. Rubens Perez, filho do Caxangá com a Halenia de Brasília, mãe também do Universo de Brasília. Vale Ouro produziu animais de ótimo desempenho leiteiro como o Cajú de Brasília, pai da grande Profana (tem Vale Ouro na linha alta e baixa) e do Modelo, o Rocar Lageado Vale Ouro, pai da matriz símbolo da seleção Silvânia, Efalc Nata Lageado, e o Jarro de Ouro da Calciolândia com a Senxém Raposo da Cal, isto só para citar alguns animais, mostrando assim todo o potencial deste grande raçador, já que teve filhos importantes nas grandes seleções da raça. Vale Ouro de Brasília era um touro de estatura de mediana para baixa, este é um fator importante na hora de usar alguns de seus descendentes, na sua grande maioria é uma família com animais menores, Vale Ouro tinha um temperamento um pouco mais arredio, mas através da seleção e de ótimos acasalamentos esta característica não se faz tão presente, suas filhas e família primam por um ótimo sistema mamário, a família do Cajú é a prova viva disto. Se avaliarmos o animal pelas fotos que temos hoje em dia, em minha opinião, o Vale Ouro de Brasília era um animal de boa profundidade, bom comprimento, garupa muito boa, linha de dorso levemente selada, bom cupim, saída de chifres na linha dos olhos, chifres chatos e finos, porém virados para cima, umbigo bom, bons aprumos, orelhas poderiam ser um pouco maiores e mais gavionadas, o pescoço é de tamanho regular e um detalhe importante e que muitas vezes é deixada de lado principalmente pelos sumários e catálogos, parece que tinha ótima circunferência escrotal, medida ligada à reprodução de seus filhos. Eu particularmente gosto bastante dos descendentes do Vale Ouro de Brasília, acho que se bem acasalados para acertar alguns problemas de caracterização podem produzir animais leiteiros, de porte médio, boa profundidade e ótimo sistema mamário.


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Fantoche de Brasília foi um importante touro da seleção Brasília e que deixou poucos descendentes no Brasil já que foi vendido para a Colômbia em idade reprodutiva e por lá teve sucesso. Fantoche era filho da Salada de Brasília com o Udo de Brasília, sendo assim é irmão paterno do Impressor e Fabuloso, pedigree muito leiteiro, funcional, porém de temperamento mais bravio, o Udo de Brasília era um touro mais arisco e passou isto aos seus descendentes. Fantoche de Brasília deixou poucos filhos por aqui, entre eles o Cowboy de Brasília e Assirio de Brasília, ambos com a Profana, o Bonzo de Brasília e o Devon Kubera, apresenta PTA muito boa de mais de 295 no sumário da Embrapa/ABCGil e de mais de 485 no da Unesp/ABCZ, mostrando todo o potencial leiteiro desta família. Sobre o touro em si, em minha opinião, Fantoche de Brasília era um touro de boa profundidade, poderia ser mais comprido, pernas um pouco retas, boa linha de dorso, escorre um pouco de garupa, cupim de bom tamanho e bem inserido, boa circunferência escrotal, umbigo levemente comprido, pescoço poderia ser um pouco mais comprido, saída de chifres alta com chifres redondos e grossos, orelhas de bom tamanho, mas pouco gavionadas e cabeça masculina e com uma leve goteira. Fantoche de Brasília deixou pouca genética no Brasil, mas certamente uma família que agrega muito leite e sistema mamário ao rebanho, sabendo acasalar para evitar animais mais bravios e com melhor caracterização certamente é uma ótima opção para o Gir moderno.

5 comentários:

Argemiro Ribeiro de Souza Filho disse...

Prezado Zé Eduardo,

Quando da avaliação dos touros do teste de progênie aprendi bastante com os seus comentários e com o seu método de discrição morfológica dos animais. Depois disso, sempre que vejo a foto de um Gir me pego comparando a profundidade, cumprimento, pescoço, olheras mais ou menos gavionadas, saídas e formatos de chifes, conformação de garupa, mas convesso que ainda preciso apender muito sobre como destinguir, via foto, sobre as qualidades dos aprumos. Aqui no blog, sempre ampliou a foto em outra aba, faço minha análise depois comparo com as do Prof. Zé Melo e onde mais tenho dúvidas é no quesito aprumos. Acompanharei com atenção essa nova e interessante iniciativa para ver se aprimoro o olhar. Gostei também de você ter incorporado, em definitivo, o comprimento escrotal como mais uma evidência a ser analisada.

Pacheco disse...

Acrescentando que Vale Ouro é descentente de Alambique imp

ALAMBIQUE
Importado por Ravísio Lemos e Manoel de Oliveira Prata, comprado por Anésio Amaral, deixou diversas filhas, destacando entre elas, a vaca Noronha (filha de Gabarra importada), através de seu filho Bombaim (bisneto, pelo lado paterno, do touro importado Lobisomen), o qual foi adquirido por Gabriel Donato de Andrade de Continetino Jacinto da Silva. Filhos de Bombaim participaram efetivamente nas genealogias de outros plantéis de seleção leiteira. Girbrasil

Gir das Paineiras disse...

Muito bem colocado Pacheco, tá aí mais uma belissima contribuição da riquissima história do Gir.

Argemiro, muito obrigado pelos elogios, mas professor somos todos que gostamos de Gir, cada um tem o seu olho clinico e as suas preferencias, basta todo mundo respeita-las, só dou os meus pitacos, tem gente muito mais experiente do que eu na raça, vejo eles e aprendo.

Grande abraço

Mineirinho Artes disse...

Mais uma boa iniciativa do Zé Eduardo que manterá o blog Gir das Paineiras como uma boa leitura sobre o tema Gir. Mais uma vez meus parabéns a você Zé, por dedicar uma parte do seu tempo a dividir os conhecimentos com as outras pessoas.
Lucas - Sítio Palestina.

Gir das Paineiras disse...

Obrigado Lucas, a visita ao blog e os comentários de vcs que ajudam a fazer este espaço.

Grande abraço