segunda-feira, 18 de junho de 2012

Os Recordes e a Realidade do Gir


Durante a 40ª Exposição de Jataí a matriz Shera JMMA, de propriedade dos sr. José Mario Miranda Abdo, se tornou a primeira res da raça Gir a superar a barreira dos 60 kgs de média durante um torneio leiteiro ao cravar a incrível marca de 186,10 kg no total, com média de 62,03 kg/dia, feito impensável para a raça anos atrás, isto mostra a evolução pela qual o Gir vem passando. Shera JMMA é filha do Efalc Paraíso Cajú e já havia batido o recorde durante a exposição de Goiânia, porém com média inferior a 60kg. Esta nova marca coloca o Gir em um patamar de destaque entre as raças leiteiras, além de se firmar cada vez mais como a melhor raça zebuína para produção de leite e a melhor opção para a produção de animais mestiços, além de ser um ótimo marketing para a raça, já que demonstra todo o potencial produtivo e o avanço da seleção com o passar dos anos, porém fora estas vantagens, eu não vejo muito ganhos para à raça como um todo. O que mais um recorde destes trás? A meu ver não muito, e explico o meu pensamento, acho os torneios leiteiros um grande atrativo dentro das exposições e uma disputa interessante dos proprietários para ver qual rebanho consegue as melhores médias e os títulos dos torneios mais importantes, mesmo que muitas vezes os animais acabem pagando um preço alto para tal feito, não é raro ver animais não aguentarem o manejo excessivo e abandonarem o torneio no meio da competição. Outro aspecto importante é que estes números altíssimos não representam as médias reais obtidas pelos animais criados aonde o Gir mostra a sua verdadeira vocação nos pastos brasileiros, leite a baixo custo e de ótima qualidade. A seleção para um animal voltado para ser criado a pasto nem sempre é igual a de um animal tratado na base da ração e suplementos, temos como exemplo o Teatro, touro extraordinário, com filhas campeãs de torneios e pistas, mas que no Teste de Progênie este ano apareceu negativo, mostrando que suas filhas são ótimos animais, porém mais exigentes do que outros.

O avanço genético da raça é explícito, esta nos currais e pastos Brasil afora, mas acho que o Gir não pode trilhar o caminho já percorrido por raças européias onde a seleção se deu com base em lactações altíssimas, com base em rações balanceadas, fármacos e manejo diferenciado, nosso gado, zebu ou mestiço, precisa dar leite para suprir a demanda nacional, porém a baixa remuneração e o clima temperado faz com que seja interessante o leite produzido a pasto, penso que é nesta seleção que devemos focar e os testes de progênie têm papel fundamental neste processo, em mostrar animais diferenciados em todos os tipos de manejo. Penso que os torneios leiteiros são interessantes do ponto de vista de sabermos até aonde este “novo” Gir, que ressurge após anos no ostracismo e que hoje domina pastos e curais de fazendas leiteiras pode chegar, mas não são o norte que devemos seguir, devemos nos espelhar nas seleções de taurinos, mas no caso do leite eu escolheria a da Nova Zelândia, país pequeno, porém líder mundial na exportação de leite através de animais taurinos criados a pasto, nossas vacas de leite precisam andar de pés sujos, buscar o capim e não em currais de concreto e com ração no cocho. Antes que alguém possa pensar que sou contra os torneios, gostaria de parabenizar o sr. José Mario Miranda Abdo pela excelente matriz, é um marco histórico e a vitória de uma raça que era vista com desconfiança até pouco tempo atrás, eram tido como animais bravios, tirada dura e pouco leite, acho que a Shera JMMA mostrou que isto é passado e o Gir de hoje dá leite sim! E MUITO! O que vocês pensam disto? Deixem as suas opiniões.

Shera JMMA - recordista da raça Gir em torneios leiteiro. Foto: Rosimar Silva (portaldogir.com)

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