quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Quanto Tempo Dura Um Recorde?

O surgimento de uma nova modalidade de torneio leiteiro e com as novas ações da ABCGIL para controlar o que é administrado aos animais que irão participar dos torneios leiteiros mais importantes da raça no país fica algumas perguntas ficam no ar.

Novos recordes serão quebrados através da seleção continua de animais? Ou muito do que se produzia nos torneios era com base em coquetéis de drogas capaz de aumentar a produção de uma res? Até quando vai durar o recorde de 186,10 kg com a incrível média de 62,03 kg/dia alcançado pela matriz da raça Gir variedade mocha Shera JMMA, de propriedade do sr. José Mario Miranda Abdo? São questões que só serão respondidas nas próximas exposições e com o passar do tempo através do surgimento de novos e produtivos animais.

 A comparação com a natação quando foi proibido o uso do traje especial é inevitável, as Olímpiadas de Londres mostram que sem a “ajuda” da tecnologia o homem terá que se esforçar muito, poucos recordes masculinos (onde o traje é mais efetivo) caíram, principalmente os de prova curta, é o mesmo que acontece com os torneios leiteiros, são animais preparados para alcançar o seu máximo em 3 dias de lactação, mas não são animais que produzem uma grande quantidade de leite em lactações sucessivas, provavelmente pelo desgaste causado pela “prova de tiro curto” ao qual são submetidas, por isso apoio muito esta nova modalidade de torneio leiteiro, acho que nela os grandes e os pequenos criadores podem competir em pé de igualdade, onde sobressai o melhor animal e não aquele melhor preparado, não condeno em hipótese nenhuma os torneios “livres” que o que conta é o leite no balde, não em que condições este leite foi produzido, acho que muito do destaque que a raça alcançou hoje se deve ao marketing e trabalho destes produtores, mas vejo que a humanidade toda busca produtos mais saudáveis e respeitando os animais e nada mais justo do que transferir isto também para os torneios leiteiros, acho que a chance do Gir mostrar que é produtivo mesmo sem “coquetéis” e que é a raça certa para se produzir bem, a baixo custo e com qualidade. Uma coisa é certa, a recordista que deverá se manter por muito tempo, até as perguntas feitas no início do texto ter resposta, será uma res mocha e vermelha que atende pelo nome de Shera.


Shera JMMA - Recordista ra raça Gir em torneios leiteiros, se os torneios evoluiram, até a genética superar os fármacos

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

CA Sansão: Todos Contra Um



A tempos a coroa do Gir tem dono, CA Sansão é o touro a ser batido, líder absoluto a mais de 6 anos este reprodutor vem fazendo história a cada resultado de teste liberado durante a Expozebú, porém uma pergunta fica no ar a cada ano: Quem será o touro a desbancar o fenômeno Sansão?  A resposta é ao mesmo tempo simples e complicada. Simples, pois se estivermos no caminho certo de seleção e fazendo a lição de casa bem feita, levando o teste de progênie de forma séria e responsável, a resposta é “EM BREVE”, já que um dos princípios da genética é de que se acasalarmos dois animais superiores seus descendentes serão, na média, melhores que os pais; portanto Sansão perderá a coroa rápido? Aí é a parte complicada da resposta referente à pergunta acima, e ela seria “NÃO SEI”, Sansão vem a cada ano que passa desafiando as leis da genética, mostrando que a natureza muitas vezes produz “gênios” que dificilmente são superados, se olharmos a nossa volta temos diversos exemplos sejam no esporte, na química, física e por aí vai, Sansão é a união de uma excelente matriz, CA Heureca, que provou nada mais nada menos que todos os seus filhos, com CA Everest, um dos maiores pilares do Gir Leiteiro, este acasalamento foi feito mais vezes, mas nem de perto teve o resultado obtido com o rei Sansão. Uma coisa é certa se é leite que procuramos este touro trouxe um acréscimo gigantesco para a raça, ele tem os seus defeitos, principalmente raciais, e deve ser usado com calma, análise e ser acasalado com competência, isso é fato, mas provavelmente estamos diante de uma daquelas obras da natureza que merecem ser cultuadas, pode ser cedo para afirmar, porém é capaz que estejamos assistindo a mais uma obra da natureza, assim como ocorreu com um tal camisa 10 da seleção brasileira. Resta saber quem tomara a coroa do Sansão, façam as suas apostas? Ano que vem em Maio tem mais um capítulo desta corrida de todos contra um, vamos ver se este "gênio"da raça contradiz novamente as leis da genética. Seus filhos e outros touros vêm pesado para a disputa. 

Grande abraço.

CA Sansão: o touro a ser batido.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Reprodução na Seleção do Gir

Após a Megaleite deste ano muito se falou sobre os rumos que a seleção da raça Gir deve seguir e pela criação de animais na forma mais natural possível sem o uso de fármacos que possam aumentar as lactações, a exposição em Uberaba foi o ápice de uma discussão que a muito ronda as rodas de conversas dos criadores, tanto que já começaram a surgir provas de leite a pastos e a ideia de se realizar um torneio leiteiro natural, vejo com bons olhos esta mudança de atitude e com o grande aumento dos valores dos insumos no último mês (soja, milho, combustíveis, etc) abre-se uma grande possibilidade de a raça Gir se consolidar ainda mais no mercado por se tratar de uma raça que produz alimento a baixo custo.

O criador percebeu que o Gir não é uma raça para ser selecionada estabulada, neste sentido não podemos cometer os erros que as raças europeias cometeram em anos de seleção, temos que nos focar nas virtudes e corrigir os defeitos, um dos grandes gargalos da raça Holandesa é a reprodução já que toda a busca da raça foi focada em produção e a meu ver a raça Gir esta cometendo o mesmo equivoco, informações sobre dados reprodutivos dos touros presentes nos testes de progênie são de difícil obtenção, ficando apenas na troca de informações entre criadores e sem um estudo específico por parte das entidades envolvidas, acho que dados como idade ao primeiro parto, intervalo entre partos das filhas dos reprodutores e mesmo uma medida simples como circunferência escrotal nos catálogos de sêmen poderiam ajudar na escolha do animal a ser usado em um rebanho, são dados de simples de serem coletados e de fácil divulgação, hoje não sabemos por dados técnicos se o touro A produz filhas mais férteis ou se o B têm filhas mais precoces. Não entendo porque nos sumários das raças de corte consta a grande maioria dos dados reprodutivos das progênies dos touros e nos catálogos de leite não há informação nenhuma, sendo que são informações importantíssimas para ambos os seguimentos, colocaria até um pouco mais de importância para a atividade leiteira, já que para uma vaca produzir leite é preciso fazer com que ela procrie antes, fato que não é necessário para ela produzir carne. Parece que nos baseamos nos moldes de seleção das raças européias e esquecemos de fazer os ajustes necessários, espero que no futuro não tenhamos que gastar mais de 10 doses de sêmen para emprenhar uma res como ocorre constantemente com matrizes da raça Holandesa e que os ganhos de produção não se sobreponham a outras importantes funções dentro de um rebanho, se estamos debatendo os rumos da raça porque não incluir também a reprodução nesta conversa?? É preciso lembrar que uma res que produz 3.500 kg/ano com intervalo entre partos (IEP) de 12 meses é mais rentável do que uma matriz que dá 7.000 kg/ano com IEP de 24 meses.



Vaca Gir com bezerro ao pé

quinta-feira, 28 de junho de 2012

A Seleção de Hoje para o Gir de Amanhã


Muito se fala sobre a melhora genética pela qual a raça Gir passou no passado recente, processo este que vemos dia a dia nos currais espalhados pelo país, este processo se intensificou com a popularização do teste de progênie da ABCGIL e com a volta da raça aos holofotes, saindo da obscuridade que se manteve durante anos e se tornando a principal opção para produção de leite a baixo custo em áreas tropicais ou na produção de raças sintéticas (Girolanda, etc), agregando rusticidade e produtividade que vem aumentando gradativamente com o passar dos anos, vemos a cada exposição recordes em torneios leiteiros sendo quebrados com certa freqüência, falei sobre isto no blog girpaineiras.blogspot.com, e hoje há quem fale que com um certo coquetel de medicamentos é possível fazer qualquer vaca produzir mais de 10.000kg em uma lactação, mas será que esta genética que estamos selecionando com animais tratados com fármacos são realmente melhores na hora de transformar capim em leite?? Alguns indícios de que nem sempre os animais que são melhores na cocheira repetem estes bons resultados a pasto, um bom exemplo é o Teatro da Silvânia, touro que para mim é um dos grandes pilares da raça produzindo filhas com sistemas mamários impecáveis, mansas e raçudas, porém tem PTA negativo no sumário da ABCGIL e ao mesmo tempo produz filhas campeãs de torneios leiteiros, pelo fato de ser uma linhagem que produz animais mais exigentes e que respondem bem com um trato mais refinado, mas que a pasto não mostram todo o seu potencial e ficam muitas vezes para trás de outras linhagens.

Tive acesso a alguns dos ingredientes do tal “coquetel” responsável por fazer matrizes Gir produzirem mais de 30kg/dia de média durante 305 dias de lactação, É LEITE PARA TODO LADO!! Dentre estes fármacos há vitaminas do complexo B para aumentar a resposta do animal ao manejo devido ao fato de participar das diversas reações de um complexo ciclo dentro das mitocôndrias (parte celular que produz energia), minerais como iodo para estimular o apetite, aminoácidos para uma melhor síntese de proteínas, um protetor gástrico e hepático, um estimulante do trânsito gástrico, estimulantes das funções circulatórias (maior aporte de sangue para o úbere), respiratória e cardíaca, além do bST e GH (hormônio do crescimento), dois hormônios que aumentam a produção de leite e proteína, ambos são liberados pelo FDA dos Estados Unidos e há diversos trabalhos relatando que não são liberados na forma ativa no leite em quantidades preocupantes para a saúde humana, porém na Comunidade Européia estes não são aceitos e são proibidos, em resumo dão alguns fármacos para aumentar muito a produção e outros para evitar os problemas que estes podem acarretar, agora se o leite produzido por estas matrizes são ou não perigosos para a saúde humana é preciso que haja trabalhos afirmando tal fato, pela literatura e um tanto controverso, os que defendem o uso fazem trabalhos que estes fármacos não causam dano nenhum aos humanos, por outro lado os que lutam para que os animais sejam criados da forma mais natural possível afirmam que causam diversas doenças, o famoso “cada um puxa a sardinha para o seu lado”. No meu entender devemos usar as lactações altas para ver até onde a raça pode chegar, mas não podemos tirar isto como base para fazermos uma seleção de uma raça que é voltada para animais criados a pasto, vacas que devem buscar o seu alimento, serem boas de aprumos, tetos acima do jarrete, touros com bons umbigos, entre outras características, temos que lembrar que o Gir deve viver de pé sujo, pisar na terra e não no concreto. A atividade leiteira não permite que o produtor tenha prejuízo na hora da ordenha e o preço do leite nunca foi um grande atrativo à atividade, penso que o caminho a se seguir é , valorizar também a seleção feita a campo, provas de leite a pasto estão surgindo, temos a da APCGIL, da AMCGIL e a da GirGoiás, todas em inicio, uma bela iniciativa de mostrar o valor da raça no pasto. Não sou contra altas lactações nem torneios leiteiros, acho estas duas grandes ferramentas de marketing e divulgação, mas não representam a realidade da maioria dos criadores e até me provem não sei se um touro filho de uma vaca de 12.000kg confinada produz melhores filhas do que um touro que é filho de uma res de 4.000kg a pasto. O importante é não transformarmos o Gir em um holandês de várias pelagens, orelhas grandes e chifres para baixo, e sim neste fenômeno de raça que anda povoando cada vez mais os currais e que a cada dia conquista mais o seu espaço, mas devemos fazer de forma duradoura, que venha para ficar e ocupar o lugar que é seu de direito, o de melhor zebu leiteiro.

Vacas Gir criadas a pasto

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Os Recordes e a Realidade do Gir


Durante a 40ª Exposição de Jataí a matriz Shera JMMA, de propriedade dos sr. José Mario Miranda Abdo, se tornou a primeira res da raça Gir a superar a barreira dos 60 kgs de média durante um torneio leiteiro ao cravar a incrível marca de 186,10 kg no total, com média de 62,03 kg/dia, feito impensável para a raça anos atrás, isto mostra a evolução pela qual o Gir vem passando. Shera JMMA é filha do Efalc Paraíso Cajú e já havia batido o recorde durante a exposição de Goiânia, porém com média inferior a 60kg. Esta nova marca coloca o Gir em um patamar de destaque entre as raças leiteiras, além de se firmar cada vez mais como a melhor raça zebuína para produção de leite e a melhor opção para a produção de animais mestiços, além de ser um ótimo marketing para a raça, já que demonstra todo o potencial produtivo e o avanço da seleção com o passar dos anos, porém fora estas vantagens, eu não vejo muito ganhos para à raça como um todo. O que mais um recorde destes trás? A meu ver não muito, e explico o meu pensamento, acho os torneios leiteiros um grande atrativo dentro das exposições e uma disputa interessante dos proprietários para ver qual rebanho consegue as melhores médias e os títulos dos torneios mais importantes, mesmo que muitas vezes os animais acabem pagando um preço alto para tal feito, não é raro ver animais não aguentarem o manejo excessivo e abandonarem o torneio no meio da competição. Outro aspecto importante é que estes números altíssimos não representam as médias reais obtidas pelos animais criados aonde o Gir mostra a sua verdadeira vocação nos pastos brasileiros, leite a baixo custo e de ótima qualidade. A seleção para um animal voltado para ser criado a pasto nem sempre é igual a de um animal tratado na base da ração e suplementos, temos como exemplo o Teatro, touro extraordinário, com filhas campeãs de torneios e pistas, mas que no Teste de Progênie este ano apareceu negativo, mostrando que suas filhas são ótimos animais, porém mais exigentes do que outros.

O avanço genético da raça é explícito, esta nos currais e pastos Brasil afora, mas acho que o Gir não pode trilhar o caminho já percorrido por raças européias onde a seleção se deu com base em lactações altíssimas, com base em rações balanceadas, fármacos e manejo diferenciado, nosso gado, zebu ou mestiço, precisa dar leite para suprir a demanda nacional, porém a baixa remuneração e o clima temperado faz com que seja interessante o leite produzido a pasto, penso que é nesta seleção que devemos focar e os testes de progênie têm papel fundamental neste processo, em mostrar animais diferenciados em todos os tipos de manejo. Penso que os torneios leiteiros são interessantes do ponto de vista de sabermos até aonde este “novo” Gir, que ressurge após anos no ostracismo e que hoje domina pastos e curais de fazendas leiteiras pode chegar, mas não são o norte que devemos seguir, devemos nos espelhar nas seleções de taurinos, mas no caso do leite eu escolheria a da Nova Zelândia, país pequeno, porém líder mundial na exportação de leite através de animais taurinos criados a pasto, nossas vacas de leite precisam andar de pés sujos, buscar o capim e não em currais de concreto e com ração no cocho. Antes que alguém possa pensar que sou contra os torneios, gostaria de parabenizar o sr. José Mario Miranda Abdo pela excelente matriz, é um marco histórico e a vitória de uma raça que era vista com desconfiança até pouco tempo atrás, eram tido como animais bravios, tirada dura e pouco leite, acho que a Shera JMMA mostrou que isto é passado e o Gir de hoje dá leite sim! E MUITO! O que vocês pensam disto? Deixem as suas opiniões.

Shera JMMA - recordista da raça Gir em torneios leiteiro. Foto: Rosimar Silva (portaldogir.com)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Seca: Hora de Cuidar das Matrizes


A estação da seca está chegando, com isso a qualidade e quantidade de nutrientes ingerida por uma fêmea bovina tende a cair bastante, principalmente se os animais forem criados a pasto, e como no Brasil há o predomínio pelo uso de gramíneas tropicais (brachiaria, pannicum, etc) a qualidade da forragem ingerida cai muito, já que estes tipos de capins só crescem com temperaturas acima de 20 – 25º C, sem contar com a falta de chuvas e a mudança no fotoperíodo onde as noites são mais longas, sobrando menos tempo para a planta fazer fotossíntese, crescer e se manter verde, sendo assim o capim fica seco, duro e de pouca palatabilidade. Neste quadro crítico os animais tendem a perder peso, ficarem com pelos mais grossos e opacos, além de problemas reprodutivos que é o que iremos tratar abaixo.

A nutrição esta intimamente ligada à reprodução, principalmente quando levamos em conta a ingestão de proteína, energia e lipídeos, são aspectos fundamentais para que uma fêmea bovina entre em estro e consequentemente esteja apta a emprenhar. Alguns trabalhos mostram que o teor proteico das forragens tropicais disseminadas pelo país mesmo na época das águas é considerado médio e na seca chega a ser deficiente, neste sentido em nenhuma situação as necessidades dos animais é atendida, isso vale também para a digestibilidade e ingestão de minerais e micronutrientes, portanto o uso de sal mineral com bons níveis de proteína ajuda a fornecer condições ideias para que a microbiota ruminal possa se multiplicar e fornecer nutrientes suficientes para a manutenção do animal e reprodução como iremos abordar.

Para entendermos o que a falta de alimento causa na parte de reprodutiva de uma vaca é preciso entender como funciona as vias metabólicas relacionadas à reprodução em um animal que esta passando por um período de pouca oferta de alimento. Quando a qualidade do capim baixa o animal come menos, sendo assim o consumo de matéria seca também baixa justo em um momento onde o requerimento de energia aumenta, já que os animais precisam de mais calorias para manter o corpo aquecido. Uma importante proteína e que é uma das principais atuantes no sistema reprodutivo tem sua ação muito afetada neste período crítico, trata-se da Leptina, proteína que é produzida nos adipócitos e é capaz de regular o apetite do animal, outra ação importante esta relacionada à produção e liberação de GnRH, importante hormônio reprodutivo que regula o FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante), quando o balanço energético fica negativo as reservas são “queimadas”, neste caso há uma diminuição na atividade dos adipócitos e os lipídeos são usados para produzir energia ao animal, fazendo com que o mesmo emagreça para continuar vivo, deixando a reprodução em segundo plano. Outro aspecto importante é quanto ao crescimento folicular, com a baixa do FSH os folículos não crescem não tendo ovulação os níveis de progesterona também caem, portanto os animais entram em anestro, condição definida quando o animal não apresenta cio, seus ovários ficam pequenos, lisos e com folículos de tamanho pequeno.

A reprodução depende e muito de uma boa condição corporal das matrizes, animais com bom consumo de energia tendem a emprenhar mais cedo e a gerar um bezerro de melhor qualidade, o mesmo se aplica à proteína, porém altos índices principalmente de proteína podem ser deletérios, já que aumentam os níveis de amônia e ureia provenientes da degradação da proteína bruta no rúmen, estes elementos atingem a corrente sanguínea e o trato genital feminino fazendo com que haja uma diminuição do pH intrauterino, sendo uma condição desfavorável para óvulos e espermatozoides.

Nesta época do ano quando a qualidade do alimento cai bastante, sendo importante suplementar os animais com um bom sal mineral, de preferencia proteínado para suprir a baixa quantidade de proteína no capim, fazer uma reserva de matéria seca ou o famoso “feno em pé”, que é capaz de fornecer um pouco de energia e juntamente com um bom sal mineral manter o animal durante a seca; se possível armazenar alimento de boa qualidade (silagem, feno, rolão, etc), com estes cuidados faz com que as matrizes saiam da seca mais saudáveis, com uma condição de escore corporal melhor e quando entrar a estação chuvosa em que os pastos verdes começam a brotar e o clima frio passar estas sejam as primeiras reses a emprenhar, isto vale para também para as vacas com bezerros ao pé, primíparas que sofrem demais neste período em que estão amamentando, crescendo e sobrevivendo às agressões do meio e as novilhas que tendem a entrar mais cedo na vida reprodutiva. 

Matriz pastanto em um pasto seco, mas com boa massa durante o período da seca

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Teatro da Silvânia - Um dos Grandes da Raça


Vejo que depois da divulgação do resultado do teste de progênie da ABCGIL deste ano houve um burburinho sobre algumas surpresas divulgadas durante a Expozebú, podemos citar o “aparecimento” do Eliel TE de Kubera, a ótima colocação da linhagem Fantoche, venho alertando para os filhos deste grande touro, a decepção com reprodutores como o Segredo da Cal e Diáfano TE de Kubera, mas o que mais escuto é sobre o Teatro, ele ter saído negativo não chega a ser uma surpresa para mim como para muitos, a tempos venho dizendo que o Teatro é um dos grandes touros da raça, e será por muito tempo, porém as suas filhas são mais exigentes se comparada a de outros touros, como por exemplo a linhagem Everest. Como o teste da Embrapa/ABCGIL utiliza apenas primíparas, e é sabido por todos os criadores que se trata de uma categoria animal difícil de lidar, já que a res além de produzir (e bem) leite, tem que crescer, se formar como vaca e ciclar (dar cio) caso contrário pode ser descartada se não emprenhar, as filhas do Teatro sofrem mais e acabam produzindo menos leite do que as suas contemporâneas, mas seguramente já com idade adulta (na terceira cria) são matrizes que mostram o seu potencial leiteiro e genético, outro touro que acontece fenômeno semelhante é o Napolitano TE da Cal, touro que saiu negativo, ficou positivo (e bem) e agora saiu negativo, ambos são touros que produzem novilhas de pouco leite, mas vacas que enchem os baldes. Não acho que a metodologia da Embrapa/ABCGIL esteja errada em usar animais mestiços na obtenção dos dados, sem o uso deste artificio seria difícil conseguir um “n” (número de animais) aceitável no qual se torna seguro estatisticamente separa um reprodutor de outro. Penso que o importante é não endeusar os primeiros colocados como se não tivessem defeitos e não produzissem animais ruins, pois o teste avalia apenas a produção de leite, deixando outras variantes funcionais de extrema importância em segundo plano, por isso eu avalio não só a PTA, mas também os animais que são bons para ligamentos, comprimento de tetos, profundidade de úbere, aprumos, etc. E também não devemos condenar ao esquecimento touros que não estão bem colocados, como foi citado há touros que não respondem bem quando suas filhas são primíparas, mas que dão muito leite na vida adulta, e outros que colocam boas características, basta citar alguns animais que vem fazendo bonito nas pistas e nos torneios e que não estão bem classificados como Paraiso, Teatro, Napolitano, Nobre, Patrimonio, Rocar Orvalho, e por ai vai, a lista é longa. Teatro será Teatro sempre!! Não deixem de usar um dos maiores touros que a raça produziu apenas por ter saído baixo no teste, o ganho genético pelo lado racial, de temperamento, de úbere e leite na idade adulta que ele trás ao Gir é imenso, ninguém faz campeões se não for bom demais.

domingo, 6 de maio de 2012

Resultado do Teste - Comentários


Na sexta-feira passada a Gir teve dois acontecimentos de muita importância para a raça, a abertura da nova sede da ABCGIL dentro do parque Fernando da Costa em Uberaba localizada perto da pista de julgamento, é um marco para a Associação que conseguiu uma sala dentro da sede da ABCZ a pouco tempo, uma ótima conquista da administração do Silvio Queiróz Pinheiro. Outro acontecimento de grande importância foi a divulgação do 20º Grupo do Teste de Progênie da ABCGIL/Embrapa, para mim um dos mais fortes dos últimos tempos, haja visto que quatro reprodutores se colocaram entre os 10 primeiros do ranking geral. CA Sansão continua cada vez mais líder, este ano atingiu a marca de 643,9 kg de PTA, apesar de ter caído cerca de 40 pontos a diferença para o segundo colocado, Urânio TE da Silvânia, subiu bastante chegando a mais de 115 pontos, provando mais uma vez ser o rei do leite, outro destaque deste ano foi a subida dos touros Jaguar TE do Gavião e Buzios TE Kubera, respectivamente 3º e 4º colocados, o Barbante caiu para a quinta posição, porém os três estão com PTAs muito próximas. Destaque negativo para a queda do Teatro da Silvânia, um dos touros mais usados e que produz uma progênie bem caracterizada, mansa e com ótimos sistemas mamários, porém a meu ver suas filhas são ótimas de leite, porém um pouco mais exigentes, o que pode ter pesado no teste, acho difícil que parem de usa-lo, principalmente por refrescar o sangue com animais de qualidade. Outro que caiu bastante foi o Napolitano TE da Cal, irmão completo do Nobre, mas sem o mesmo sucesso no balde, voltou a ser negativo. Major TE dos Poções continua forte e uma boa opção para abertura de sangue. Os touros que tiveram o resultado divulgado irei comentar abaixo com as respectivas PTAs.

Eliel TE de Kubera - líder do 20o Grupo do teste de progênie ABCGIL/Embrapa

Eliel TE de Kubera è a grande surpresa do teste, achei que fosse se colocar bem e que pudesse aprontar, mas não tanto, se tornou líder da bateria, se colocou muito bem no sumário e acho que irá contribuir demais com a raça, pois a meu ver é o mais raçudos dos 10 primeiros colocados, a união do leite do CA Everest com a beleza da Efalc Pampa Lageado. PTA 453,9. 6º colocado.

CA Coronel è filho do Sansão é sempre forte candidato, coloquei ele como um dos favoritos para esta bateria e isto se provou, apostar nos filhos do Sansão é tiro certo. PTA 441,1. 7º colocado.

Calibre TE de Brasília èótima surpresa, apostei que chegaria bem colocado e que iria figurar no pelotão da frente colocando a genética do Fantoche em evidencia, mas não achei que fosse se colocar tão bem, pena o animal ter desaparecido. PTA 439,2. 8º colocado.

Bagdá TE de Brasília è boa opção para o sangue da Oferenda, se colocou bem e chegou disputando bem no pelotão da frente como previsto, touro que vem fazendo bonito nas pistas e agora provando que no balde também. PTA 429,4. 10º colocado.

Coliseu TE da Silvânia è genética da Garbha, primeiro filho dela a ter o resultado divulgado e mostra a força leiteira desta matriarca, Coliseu como previsto chegou forte para brigar na parte de cima. PTA 377,6. 16º colocado.

Delegado è outro filho do Sansão a chegar bem no teste como previsto, desta vez com vaca Cajú, touro interessante com bons úberes e leite, teste provou isto. PTA 343,9. 20º colocado.

Dueto TE Kubera è muito bom touro, se tornou uma das melhores opções para a genética da CA Indaiatuba, se colocou na parte intermediária como previsto, touro para ser olhado com atenção sendo um dos bons filhos do Bemfeitor. PTA 201,1. 42º colocado.

Talento TE F. Mutum è evolução do gado da fazenda Mutum é mostrada neste animal, como previsto ficou na parte intermediária para cima da bateria, ótima opção sendo filho da grande Safira. PTA 187,6. 48º colocado.

Cenário TE da Silvânia è touro que remonta aos animais mais antigos, Dalton na Jaca, achei que ele chegaria mais a frente, longe de ser uma decepção, mas via nele mais força leiteira, ótima opção para linhagens mais antigas e muito provadas. PTA 180,0. 55º colocado.

Diamante è como previsto foi provado e faltou gás para brigar por algo maior, bom animal para ser usado na linhagem Impressor. PTA 161,9. 64º colocado.

Bonzo TE de Brasília è mais um filho do Fantoche provado, esperava ele um pouco mais a frente, mas nada que tire o brilho desta colocação, lembrando que na matriz de parentesco tanto ele quanto o Calibre recebem pouca ajuda, genética deste importante raçador sendo valorizada após muito tempo, olho no Cowboy ano que vem. PTA 158,8. 70º colocado.

Leite de Pedra FIV Badajós è se tornou um dos grandes trunfos para o refrescamento de sangue com ótima qualidade ao ser provado, certamente em breve será um dos animais mais utilizados da raça, e faz por onde conseguir este status. PTA 153,1. 73º colocado.

Cálculo da Epamig è um dos mais bem colocados touros da seleção Epamig, como previsto foi provado e até surpreendeu ficando com PTA próxima a 100 pontos, seleção muito voltada para leite, o que é importante à raça. PTA 94,2. 93º colocado.

Brasil TE de Brasília è provado, mas achei que fosse ter mais sucesso no teste por ser irmão completo do Bagdá, pode ser que tenha faltado maior uso do animal por problemas raciais, animal para ser usado para fazer F1. PTA 34,2. 116º colocado.

PH Toscano è como previsto provado e na parte de baixo da bateria, filho do Dalton, importante raçador, opção para esta linhagem. PTA 13,2. 125º colocado,

Cifrão Ribeiro Grande è primeiro filho do Nobre a ser testado, foi provado mas bateu na trave, pensei que ele fosse ficar um pouco mais acima, mas acho que faltou ajuda da família para buscar algo a mais, já que sua mãe tem sangue bem aberto, opção de abertura de sangue ao menos pela linha baixa. PTA 9,1. 131º colocado.

Segredo TE da Cal è uma das grandes surpresas negativas do teste, achei que fosse brigar pela ponta por ser filho da grande Nagy, mas sua PTA foi negativa, surpreendendo a todos por unir o pai da Profana com a irmã do Nobre, uma pena para a raça. PTA -19,7. 144º colocado.

Hakanaih da São José è não achei que brigaria no pelotão da frente, mas pensei que seria provado, uma pena para a raça, pois leva a genética Xantina. PTA -20,9. 147º colocado.

Losaiko TE da Palma è tava torcendo para ser provado por trazer o sangue Marduk, infelizmente não foi, ficou próximo, mas pode ser bem usado por ser mocho. PTA -27,0. 150º colocado.

Jhony TE da Palma è apostava nele mais a frente, Bemfeitor em vaca Cadarso, tinha pedigree para buscar algo a mais, me decepcionei com o resultado dele, achei que fosse ser o mais bem colocado da Palma. PTA -78,5. 174º colocado.

FB Acrilico è uma pena este bom animal da marca FB não ter sido provado, achei que seria o mais bem colocado desta importante seleção, perde a raça. PTA -153,5. 207º colocado.

Diáfano TE Kubera è a grande decepção desta bateria, não achei que fosse brigar pela ponta, assim como seu irmão completo, CA Guri, via ele na parte intermediária para cima no quadro geral, mas sair negativo e com esta PTA realmente foi uma surpresa, por sorte seu irmão materno, Dueto de Kubera, se saiu bem para levar o sangue da CA Indaiatuba. PTA -302,5. 230º colocado.

Quatar do Fundão è sabia que seria difícil ser provado pela genética diferenciada, uma pena ter dado tão negativo, uma pena para a raça que não utilizará tanto este animal extremamente bem caracterizado. PTA -384,6. 238º colocado.

Ano que vem o 21º Grupo promete boas disputas e alguns candidatos a ameaçar o reinado do grande CA Sansão é fazer as apostas para ver quem toma a coroa deste mito. Semana que vem quero comentar o resultado do sumário da ABCZ.

Abraços a todos.

Zé Eduardo Mello
Gir das Paineiras